quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Quadrinhos na Amazônia

Por Milena Imbiriba e Leila Cavalcante

As histórias em quadrinhos (HQ´s) são uma arte de mídia e fazem parte dos meios de comunicação de massa. Durante muito tempo se acreditou que eram somente uma subliteratura. Mas, as graças à emancipação da cultura e da arte junto aos avanços tecnológicos tal horizonte mudou.
As HQs andam lado a lado com o discurso ideológico, e são uma arte independente que passam uma mensagem e alcançma milhões de pessoas no mundo, sendo considerada como a nona arte.


O Brasil começou a publicar suas próprias revistas em quadrinhos no século XX. Apesar de seus artistas talentosos, a grande influência americana e européia sempre predominou na HQ nacional.
Atualmente os super-heróis americanos são os preferidos, porém, perdem mercado para os quadrinhos japoneses, que se expandem velozmente. Os mangás representam no Japão uma mídia tão forte quanto a televisão. Por conta do mercado, boa parte de artistas brasileiros trabalha com esses estilos. Muitos publicam revistas no exterior por falta de incentivo no mercado nacional. Mas, nem por isso os artistas brasileiros, e em particular os paraenses desanimam.

HQs no Pará
No Pará o estilo artístico ganhou espaço com o grupo “Ponto de Fuga” que surgiu nos anos oitenta. O coletivo foi criado numa oficina ministrada por Gian Danton, no Centro Cultural Tancredo Neves (Centur).
Os encontros ajudaram a formatar as idéias. Os participantes após o término da oficina formaram um grupo de quadrinhistas paraenses, que canalizou as produções através de fanzines.

Além da produção de fanzines, o grupo criou uma gibiteca e um estúdio para desenvolver produções em uma linguagem regional de quadrinhos. A pretensão era a publicação de trabalhos alternativos de artistas paraenses, com vistas a tornar Belém um centro produtor de HQs.

Nos anos 90 o mercado nacional explodiu de fora para dentro, através de uma invasão de quadrinhos estrangeiros. Difícil era a vida dos desenhistas e roteiristas regionais. Foi por essas e outras razões que Joe Bennet, nome pelo qual Benedito José Nascimento é conhecido no exterior, encara a oportunidade de produzir para Marvel (produtora do Homem-Aranha e X-Man). Recebendo em dólar. Nascimento deixou parcialmente de lado a produção de HQs regionais.


Mas para não deixar os paraenses invejando os Super Heróis americanos, Joe Bennet chegou a criar para a Amazônia Celular, sob encomenda, O Esquadrão Amazônia.Uma estória de Super Heróis regionais no estilo de Liga da Justiça.





Também há os que, com estórias idealizadas aqui em Belém, e por falta de mercado, produzem revistas no exterior premiadas em festivais. É o caso de A Boca do Mundo (em Francês, La Bouche du Monde), criado pelo paraense Edu Barbier. A produção tem a participação do cartunista regional Biratan Porto, dentre outros brasileiros e artistas de vários lugares do mundo.

Há ainda os fazem o caminho oposto, vêm do exterior para produzir em Belém. É o caso de Miguel de Lalor, cartunista que faz sucesso e mora na França, desenhando aventuras sobre a antiguidade européia. Ele busca reproduzir em sua obra símbolos da cultura local, como o prato de feijão e o Pão de Açúcar.


Lalor já lançou ‘‘Myrkos’’ e agora está partindo para mais uma trilogia sobre a História Contemporânea baseada na ordem dos templários. Em 2004, patrocinado pela Secretaria de Cultura, lançou: Galvez, Imperador do Acre.


Voltando a Belém do Pará, o estúdio Casa Velha, em 2004, contemplado com a Bolsa de Pesquisa, Criação e Experimentação Artística do Instituto de Artes do Pará, produziu a HQ Belém Imagínária. O projeto reuniu os jovens artistas: Volney Nazareno, Carlos Paul, Fernando Augusto e Otoniel Oliveira. Um ano depois, o estúdio produziu a HQ Encantarias – a Lenda da Noite cuja história também trata do imaginário popular, com lendas e mitos amazônicos.

A produção de quadrinhistas paraenses continua. Em 2009 voltamos a ouvir falar de Otoniel Oliveira, envolvido em quadrinhos produzidos anteriormente pelo estúdio Casa Velha.
Agora com um projeto em parceria com o Maurício de Souza. Isso mesmo, o “pai” da Turma da Mônica. O artista paraense foi convidado a participar da obra que comemora os 50 anos de carreira do quadrinhista mais conhecido do Brasil. Ele irá ilustrar uma pequena história da personagem "Marina".

Há mais artistas inspirados nas lendas amazônicas, que não tendo apoio para a publicação de suas revistas, ainda estão anônimos na massa, como Rosinaldo Pinheiro que escreveu as HQs Guerreiros da Amazônia.


Hoje a revista Quadrinorte divulga e incentiva ilustradores e roteiristas locais. O objetivo é publicar uma coletânea de autores residentes no estado. Dez mandamentos do DESAFIO QUADRINORTE:


1. Podem participar qualquer ilustrator e roteirista brasileiro.
2. Cada autor que aceitar o DESAFIO QUADRINORTE poderá fazer no mínimo 2 páginas e no máximo 10. Para participar, basta dar continuidade a HQ Página 1.
3. Poderão participar do desenvolvimento da HQ quantos roteristas e ilustradores quiserem.
4. Todas as páginas produzidas e enviadas para o DESAFIO QUADRINORTE deverão estar em RGB, formato JPG e com 300 DPI de resolução. As páginas devem obedecer o formato A4 e produzidas em preto e branco.
5. Os autores não poderão encerrar a HQ, esta função caberá aos organizadores do DESAFIO.
6. O tema que deve predominar nas HQs produzidas é "violência".
7. Os trabalhos prontos deverão ser enviados para 0 e-mail quadrinorte@gmail.com e devem constar o nome completo do autor e telefone para contato.
8. Toda informação relativa ao desenvolvimento do DESAFIO QUADRINORTE será divulgada neste blog.
9. Os autores que tiverem suas páginas aprovadas receberão 10 revistas por página publicada da edição da revista Quadrinorte - Coletânea de Quadrinhos nº 2.
10. A partir do envio da HQ para o e-mail do DESAFIO o autor automaticamente está aceitando as condições impostas nestes mandamentos.


A iniciativa já tem duas edições e procura patrocinadores. Interessados devem ir ao blog

Um comentário:

  1. Cara adorei esse artigo,ta muito interessante e bem escrito.Parabéns meninas!

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