sábado, 12 de dezembro de 2009

Marajó: a nossa ilha da fantasia.

por Fernando Araújo

Marajó tem duas caras. De fevereiro a maio, as chuvas fortes represam as águas, inundando parte da ilha. Em julho, as águas começam a baixar e o sol “racha”, e a bicharada volta para as margens de rios e lagos.

A vida corre assim, lenta, baseada em duas estações: inverno e verão. O clima, é quente e chuvoso, mas sopra uma brisa constante devido à proximidade com o Oceano Atlântico. Ali, homem e natureza vivem em perfeita harmonia. Caboclo marajoara sabe ler o sol, as estrelas, a lua, e interpretar o que dizem os animais. Colonizada por ordens religiosas que, aliadas aos índios, desenvolveram a pecuária, hoje, Marajó está se tornando pólo turístico, principalmente para quem curte a natureza e têm espírito aventureiro.

A viagem pode ser feita de avião ou em embarcações que saem, todos os dias, de Belém. Os pequenos ‘navios’, como são chamados, transportam até 300 passageiros. Apesar desse tipo de transporte ser ainda precário, eles possuem algum conforto como aparelhos de televisão, vídeo e lanchonete.

Se preferir conhecer a ilha de carro há a opção de fazer a viagem em enormes balsas, que saem de Icoaraci, distrito de Belém. Elas transportam até 55 veículos a cada viagem. Nos dois andares superiores viajam até 630 passageiros. As balsas também possuem lanchonete, sistema de som ambiente e aparelhos de televisão

Soure- município considerado a capital do Marajó
Após a viagem por mar segue-se de carro ou de ônibus, pela rodovia Camará-Salvaterra com destino a cidade de Soure. São 33 quilômetros de estrada, cortando matas, campos, vilas e bucólicos igarapés. A estrada de asfalto termina às margens do Rio Paracauari.

Do outro lado, avista-se a cidade de Soure, antiga aldeia dos índios Marauanás. Outra balsa faz a travessia em menos de dez minutos. Conhecida como “a capital de Marajó”, a cidade encanta pelo seu exotismo e beleza. Com cerca de 19.250 habitantes, entre zona rural e urbana, a cidade possui uma população, onde predominam jovens e crianças.

A arquitetura é a mais variada. Casarões de diversas épocas e estilos se misturam às moradias típicas de sapé ou madeira. Apesar da renda per capita ser baixa, não há pobreza devido à abundância de carne, caça e peixe. O índice de desemprego, criminalidade e analfabetismo são um dos mais baixos do Brasil. Na cidade está instalado um dos campus da Universidade Federal do Pará.

Uma das características marcantes de Soure é o número de bicicletas circulando pelas ruas. Outra curiosidade é a população bubalina. Considerada a capital do búfalo do Brasil, são mais de mil búfalos, só na zona urbana. Eles estão por toda parte, nas ruas, puxando carroças, servindo como montaria ou, simplesmente, pastando nos quintais das casas.

Além de produzirem couro e leite de excelente qualidade, sua carne tem sido muito utilizada devido ao baixo nível de colesterol. Apesar do porte, esses verdadeiros “tratores”, são dóceis e têm muitas aptidões. O multiuso do búfalo é tanto que a Prefeitura de Soure instituiu na cidade o Taxi-búfalo.

A vida noturna em Soure é discreta, mas sempre acontecem apresentações de grupos folclóricos existentes na cidade. Ao som dos batuques, eles passam as noites dançando quadrilhas, carimbó e lunduns. Formados por componentes de todas as idades, nos finais de semana, eles se apresentam em ginásios, praças e hotéis.

Terra de gente hospitaleira, em qualquer lugar da ilha, o turista além de ser bem recebido, tem a oportunidade de conhecer uma das regiões mais fascinantes da Terra. Um mundo diferente e ainda desconhecido para a maioria dos brasileiros. A verdadeira ilha da fantasia, diria eu.