quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Verequete: ícone do carimbó paraense morre aos 93 anos.


Por Milena Imbiriba e Pérola de Souza.
Símbolo cultural da raiz rítmica do Pará, Augusto Gomes Rodrigues morreu de infecção generalizada, no hospital Barros Barreto no fim da manhã desta terça-feira, 3.

Verequete, nasceu em 26 de agosto de 1916 em Careca na zona bragantina. Aos três anos de idade, com a morte da sua mãe, mudou com seu pai para o município de Ourém, desenvolvendo os primeiros passos do ritmo no terreiro da negra ‘Piticó’. Seu apelido surgiu durante um culto umbandista, onde o pai de santo o chamou de “Mestre Verequete”, Augusto gostou e adaptou.

Na tarde da quarta-feira, foram feitas homenagens ao Rei dos tambores. O corpo do músico foi levado em carro aberto do Teatro da Paz a um cemitério particular em Marituba.

“A música do Pará perde um divulgador de sua cultura... Éramos amigos, e eu tinha um respeito muito grande por ele. É uma perda irreparável”, diz Pinduca lembrando sua amizade com o mestre.

A Diretora da Escola de Música da UFPa, Lúcia Anchôa, apelando aos paraenses também homenageou Verequete: “Espero que Verequete seja eternizado pelo povo do Pará assim como foram Waldemar Henrique e o maestro Altino Pimenta. Verequete deve ser lembrado como um exemplo para todos os jovens músicos paraenses, por ter sido um homem que não só sabia valorizar e exaltar a cultura do Estado, como tinha orgulho de ser paraense”.

A banda Uirapuru lançou recentemente, “Homenagem ao Mestre”, uma nova música para comemorar a importância de Verequete aos ritmos paraenses, com o refrão “Verequete, seus amigos nunca vão te deixar só; tu sabes, és lenda pura da vida do carimbo”.

Conhecido como maior expressão artística do carimbo do Pará, foi um dos primeiros divulgadores do ritmo no subúrbio de Belém. Organizou o conjunto o “Uirapuru”, lançando seu primeiro disco em 1970, com ritmos de carimbo e afro-indígena. Além de 11 discos e 4 CDs gravados durante sua carreira. A obra foi reconhecida através do Prêmio Mestre Humberto Maracanã, do Ministério da Cultura.

Em 2002 o curta paraense que homenageia o mestre, “Chama, Verequete”, ganhou o premio Kikito de Ouro do Festival de Gramado. O prêmio ajudou a amplificar o reconhecimento nacional e mundial da obra. O mestre não recebeu o prêmio em vida, porém Edilson moura Diretor da Secult, assegurou que o valor de R$10 mil deve ser entregue à sua família.

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