quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

História da genética no Pará

por Leonardo Ruffeil
A inclusão da genética clínica no sistema Único de Saúde (SUS), a judicialização (demandas judiciais) em saúde, aconselhamento genético e o atendimento de genética clínica nas esferas municipal, estadual e federal são as principais propostas do 2º Simpósio Nacional Sobre Atendimento em Genética Clínica e Laboratorial e da 7º Jornada Paraense sobre Doenças Metabólicas Hereditárias. Os eventos aconteceram nos dias 20 e 21 de novembro, no centro de convenções da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Os eventos trazem uma ótica multidisciplinar com caráter de formação cidadã e inclusão social. E contemplam todas as regiões do Brasil (estados do Pará, Alagoas, Bahia, Ceará, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul), com explanações de biólogos, biomédicos, cirurgiões-dentistas, farmacêuticos, geneticistas, nutricionistas, um procurador regional da República e uma psicopedagoga.

A Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), Shire, Actelion, Genzyme, Biomarin e a Diagnósticos Laboratoriais Especializados (DLE) são os patrocinadores do evento. Os debates serão focalizados em questões como ética, direito, genética, SUS, redes de serviços, oncogenética, neurogenética, odontologia e psicopedagogia são os patrocinadores dos eventos.

O pós-doutor em genética João Farias Guerreiro abriu o evento com a apresentação sobre a história da genética humana no Pará. O pesquisador enfatizou que o grupo de pesquisa de genética humana paraense teve uma formação em diferentes áreas do país, o que fez com que esse grupo crescesse e se tornasse uma equipe com importantes resultados.

História
Manoel Ayres o pioneiro da genética paraense. Em 1965, o médico deixou a dia a dia dos consultórios e da academia para se dedicar ao estudo da genética.

A escola da genética paraense começou com estudos voltados a grupos indígenas. Ao contrário de outras regiões do Brasil, que iniciaram com a genética animal e posteriormente com humanos.
Ayres partir para o Rio Grande do Sul, com destino ao laboratório de genética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em busca de mais informações sobre o assunto. Na época, as pesquisas estavam voltadas para os estudos dos cromossomos, que mais tarde trouxeram respostas para doenças como a síndrome de Down - forma de retardo mental causada por uma anomalia no cromossomo 21.

O médico paraense passou um ano na capital gaúcha estudando com o doutor Francisco Salzano, criando um vínculo com pesquisa e troca de informações, que persiste até hoje. Na sua volta, passou a pesquisar a genética com indivíduos das tribos indígenas Kayapós – originários do sul do Pará.

A criação do laboratório
O primeiro laboratório de genética do Pará foi criado em 1970 e serviu para aulas práticas da disciplina de biologia da educação da Faculdade de Filosofia e Ciência da UFPA.

Logo depois, em 1971, o laboratório foi incorporado ao Centro de Educação. Posteriormente, passou a fazer parte do Departamento de Biologia. No mesmo ano, o doutor Ayres acumulou os cargos de coordenador do curso de Biologia da UFPA e diretor do Centro de Ciências Biológicas (CCB). Ente 1971 e 1973, o laboratório teve suas ações deslocadas para o CCB, no campus do Guamá.

Professor Dr. João Farias Guerreiro
O pós-doutor em genética, João Guerreiro, ingressou na faculdade de Medicina da UFPA em 1973 e concluiu a graduação em 1979. Em 1980, seguiu para o mestrado, no Paraná, na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Encerrou a pós-graduação em Genética em 1983. Entre 1985 e 1989 foi o chefe do departamento de Genética do CCB da UFPA.

Cursou o doutorado em biologia genética, pela Universidade de São Paulo (USP), Durante 1994 a 1996, foi escolhido como o coordenador do curso de pós-graduação em Ciências Biológicas da UFPA.

Os anos de 1996 e 1998 foram dedicados aos estudos fora do país. Em uma das três maiores instituições de ensino superior do mundo, Universidade de Oxford, na Inglaterra, no Instituto de Medicina Molecular, onde fez seus estudos em Genética Humana e Médica, terminando assim, seu pós-doutorado.

Voltando ao Brasil, tem seu trabalho dedicado à genética médica, principalmente, nos estudos médico-biológicos de populações indígenas da Amazônia, com destaque para o povo Kayapós. Ainda integra o corpo docente do Laboratório de Genética Humana e Médica da UFPA e é professor do curso de medicina da Universidade, onde ajuda na formação de pesquisadores e leciona em cursos de mestrados e doutorados.

Foi indicado pelo ex reitor Alex Fiúza de Mello para ocupar o cargo de Diretor Executivo da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), fundação de apoio da UFPA, no quadriênio 2005-2008. Em 2009, foi escolhido pelo novo reitor, profº Dr. Carlos Maneschy, para integrar sua equipe, continuando no cargo de diretor da Fundação.


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